XV CONJUFRA SANTA MARIA-RS

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


Nossa Irmãzinha Clara

Clara de Assis, a frágil "mulherzinha" - ela mesma se definia, assim - esta figura que foi em sua época e em sua existência e, continua sendo em nossos tempos, uma titã na defesa de seu ideal de vida.
Numa época em que o fausto era o ideal de vida na classe a que ela pertencia, em que à mulher era destinado um papel mais que se¬cundário, de mera serva do senhor feudal (o pai ou o marido), ela se rebela e enfrenta a socieda¬de, a família, entregando sua vida ao Senhor.
Não da forma como algumas de suas contem¬porâneas, que levavam para o claustro as suas riquezas, regalias ou as suas tristezas, mágoas e frustrações, mas, sim, a certeza e a força de querer servir a Deus; o vigor e a alegria despo¬jada de tornar-se serva do Criador; a tenacida¬de de lutar pelo seu ideal de pobreza.
Depois de sua fuga, digamos que espetacu¬lar para os padrões de então, embora seus parentes tentassem resgatá-Ia a todo custo, ela é recebida por Francisco na Porciúncula, na¬quele domingo de Ramos.
E ali, ela se encontra com a sua vocação. Seus longos e belos cabe¬los cortados por Francisco são aliança daquele matrimônio da esposa virgem com seu Esposo Celestial. Ali, ela nasce de novo para dedicar-¬se, inteiramente, a Cristo através de sua vida--doação.
Em sua Forma de Vida, a pobreza será a pedra de toque. Por ela, Clara irá lutar duran¬te toda a sua vida. Cada vez que apresentava o modo de vida - seu e o de suas irmãs - à corte romana, recebia argumentos que procuravam dissuadi-Ia da rigidez de suas normas. Mas, ela sempre insistia. Tomava como exemplo a pobreza humilde da Virgem Santíssima e de seu esposo José, na pobre Nazaré; a pobreza despojada do Menino Deus nascendo na man¬jedoura na pequena Belém; a pobreza indigen¬te do Deus-Homem morrendo na Cruz, aban¬donado pela maioria dos seus.
Toda a sua vida foi uma luta incessante por esse ideal de vida.
E afirmava para todos os que, em vão, tentavam mudar-lhe o objetivo, que o Senhor não permitiria que ela partisse dessa vida sem que visse aprovada pela Igreja ¬que ela amava e obedecia - a sua Forma de Vida, na qual a pobreza ditava todas as nor¬mas.
E a sua fé, o seu empenho e o seu exem¬plo frutificaram; moveram corações, transfor¬maram certezas, demoveram argumentos e... venceram!
Já em seu leito de morte o próprio Vigário de Cristo entrega-lhe o documento esperado, a aprovação sonhada e que passa a ser o marco de uma renovação profunda na Igreja de Cristo, haja vista que quando Clara foi canonizada, fazia muito tempo que a Igreja não elevava a honra dos altares uma mulher que não tivesse origem numa família real.
Depois de viver o Evangelho na cIausura, de pregar silenciosa-mente na pobreza, com a sua caridade e o seu exemplo, tornando-se referência espiritual para toda a comunidade franciscana, tanto para os frades como para as suas irmãs, Clara, assinalada por Deus com o Seu melhor dom - qual seja o de entregar ao Pai a vida que Ele nos dá - entregou sua vida, cons-ciente de ter cumprido fielmente o seu carisma. O Privilégio da Pobreza foi o seu apanágio!
Nas fontes cIarianas encontramos uma sublime manifestação do apreço de Clara pela vida, que agora lhe escapava, mas que, ao mes¬mo tempo, ela deixava ir sem apegos. Falando consigo mesma, ela diz: "Vá segura, que você tem uma boa escolta para o caminho. Vá, porque Aquele que a criou, também a santifi-cou; e, guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com terno amor. E bendito sejais Vós, Senhor, que me criastes!"
Ouvindo isto, uma das filhas queridas, à sua cabeceira, . pergunta com quem ela estava falando e obtém a resposta: "Falo com a mi¬nha alma bendita",
E logo depois: "Você está vendo, minha filha, o Rei da Glória que eu estou vendo?" E assim, Clara deixa esta vida e se entrega ao Rei a quem ela serviu fielmente: ela, a virgem; ela, a esposa fecunda de Cristo!


FONTE: REVISTA PAZ E BEM!

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